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18 de fevereiro de 2018

Pessoas

Pessoas são os outros, nós seremos sempre nós.

Assim parece ser para a maioria. Desprezamos outros por este ou aquele preconceito, admiramos uns quantos porque alcançam o que a nós nos parece tão difícil de conseguir.
Pensamos sempre que o melhor e o pior só acontece aos outros.

Para mim os outros são isso tudo, e sempre uma grande curiosidade de saber a fundo quem são. Gosto dos que falam abertamente sobre si, sejam tretas ou grandes verdades. Valorizo o discurso na primeira pessoa, aqueles que têm uma história para contar.

Talvez por sentir que não tinha história, por saber que não tinha vivido o suficiente para ter um passado merecedor de ser escutado, talvez por isso a minha mente entrou em declínio.
É o maior sentimento de vazio que o ser humano pode ter, não ter vivido e nada para contar. Seja aos outros, como a si mesmo.

Eterno espectador de uma existência ignóbil e nunca alcançando metas nem cumprindo desafios até ao fim, pendurado nas histórias de outros e no conhecimento contado, não vivido.

Para mim as pessoas são os actores do palco da vida. A mim parece-me que todos têm uma vida, menos eu. Até os que se dedicam a pouco fazer, parece que o fazem de forma mais completa, mais intensa e com mais detalhes.

Eu persistir na tentativa de construir a minha história, mas sempre com esse calcanhar de Aquiles, é tudo tão superficial... Seja a preguiça, o medo ou a falta de cognição sobre as coisas, ou a combinação de tudo isso, o resultado é algo amorfo e vulgar.

Não consigo destacar-me em nada do que faço. Talvez seja a polivalência a minha melhor característica, mas mesmo essa é tão limitada.

Tal como estes textos que escrevo, com uma profundidade oca, carregados de uma impressão individual tão desinteressante para a maioria, sem sumo de conhecimento que valha a pena a leitura atenta, senão para conhecer a mente do louco que habita dentro de um indivíduo minimamente socializado e padronizado.

Neste cenário todo as pessoas são a eterna variável que luto para compreender.
Ora quero proximidade e sentir-me, ora quero distância e estar na paz irrequieta da minha solidão.

De alguns tenho medo, só porque sim, por outros sinto respeito e admiração, outros fazem-me sentir minúsculo, triste, feio, burro, incompleto. Poucos me fazem sentir bem, a maioria faz-me sentir excluído.

A julgar pelo feedback que tenho, pela forma como sou rejeitado à partida, ou à posteriori, sou arrogante e fechado.

Já me disseram para sorrir mais, mas só consigo sorrir quando a alma está alegre.

12 de fevereiro de 2018

Vazio

Qual será o maior vazio da existência humana?

Será o vazio da perda?
O vazio interno?
O vazio que separa o ser do resto da vida e dos demais?

Seja qual for, o vazio, será sempre a origem do desespero e da angústia. Qual cavaleiro da tristeza, montado no cavalo da frustração, galgando os campos da desilusão que levam a lado nenhum.

O vazio faz-me parar para olhar o meu reflexo nas águas calmas do rio da vida. Fugi dos rápidos, abordei a zona onde o rio tende a estagnar, para fazer uma introspecção.
Custa-me encarar o reflexo das águas, não gosto do que vejo, porque o que vejo não é o que pensei vir a ver.

Sinto esta enorme vontade de deixar de existir, porque nada vale a pena, nada presta, tudo é vão e volátil. Depressão? Nem por isso. É a consciência de uma vivência sem fantasia, algo que alguns dirão que é negativismo.

Só espero que nunca me falte o dinheiro para comer e pra tabaco...

Acendo outro cigarro.

É o meu desporto mais regular, acender cigarros. Segue-se o de vaguear pelo telemóvel.
O meu escape é o trabalho.

Está tudo mal.

8 de fevereiro de 2018

Confusão temporal e espacial

Tudo é confuso, como se estivesse condensado no centro da minha mente. Está tudo comprimido numa tensão enorme, dando lugar a movimentos errantes.

Estou sóbrio, mas enebriado com a realidade, sem me conseguir soltar. É tudo confuso, as opções são imensas nem sei para onde me virar.

Virar à esquerda é interessante, mas porque não ir ver o que há à direita? E ainda há o meio, e aquilo que não vi bem lá atrás. Por onde vou?

Sem nada para fazer durmo para o tempo passar, ocupado o tempo voa.

Tenho isto e aquilo para fazer, ora não me apetece porque a angustia me consome, ora não consigo porque a confusão é brutal. Só me apetece sempre dormir.

Durmo, e a vida esvai-se por entre as fendas do tempo. Esse não perdoa, não espera por ninguém.

Ouço risos dos outros, enquanto escrevo acompanhado de um whisky barato e uns cigarros. Preciso tirar este nó cá de dentro, refugio-me nestas linhas.

É pesado demais, sempre sem conseguir alcançar nem concretizar, tudo que produzo é inconsequente e incompleto.

O trabalho que é imperfeito apesar da exigência máxima e do perfeccionismo, as relações que não tenho apesar de muito as querer e procurar, o dinheiro e sucesso que preciso e ambicionou, mas nunca chega.

Afinal, é o resultado de estar a viver à margem, ou é castigo por demasiada arrogância?

Existe alguém que perceba disto?

Já dizia alguém, acerca de outro assunto, "é como querer nadar sem ter o braço direito"