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30 de janeiro de 2018

Ich habe ein Traum

Em alemão, sonho escreve-se Traum, e trauma é  escrito em ambos os idiomas da mesma forma.

Parece interessante que a cultura teutónica considere o sonho um trauma.
Tendemos a definir o sonho como fantasia, e algo positivo.

A aculturação tem destas coisas. Bastaria nascer alemão para comprar o sonho de forma diferente.

Não aprofundem conhecimento sobre isto, é apenas uma consideração básica e simplista.

O que daqui extrapolo é que cada sonho meu parece mesmo um trauma, a cada entusiasmo com nova expectativa, segue-se desilusão é um sentimento de cada vez maior afastamento da realidade.

Auf Wiedersehen Leute

29 de janeiro de 2018

Horácio o Retranca

Numa nova abordagem, aqui no blog, dou a conhecer outro lado da minha personagem.
Além da fobia social, existe esta faceta de observador que implica, e cisma, com determinado tipo de gente.

Este texto é inteiramente dedicado aqueles seres que populam a sociedade portuguesa, que vão tirando pequenos dividendos à custa dos outros, aqueles que se contentam com as migalhas dos outros, que se mexem na sombrinha, se fazem de parvos, mas estão sempre à espreita.

Seja ele minhoto, trasmontano, beirão ou alentejano, este é aquele típico ser abominável e mesquinho que habita a nossa sociedade. Esse mesmo que se queixava que anda meio mundo a enganar o outro, como se o mundo todo o perseguisse ou enganasse; esse mesmo que de fininho passa a perna ao próximo, e sem demora há-de alegar que esse outro é que foi burro.

Trabalho com um desses Horácios, isto é o porquê de vir aqui satirizar a besta.

Nunca sabe nada, num momento, para no outro estar cheio de certezas.
Cala-se perante alguém hierarquicamente superior, nunca defende as suas ideias abertamente; espera pela calada para agir e montar a sua teia de interesses.

No passado lerpei por causa de gente desta.
Todos aqueles que estejam na vida de forma franca têm de se acautelar com estes bichos do monte, estes pouco cosmopolitas e básicos.

Eles decoraram comportamentos, carregam essa herança sonda que os pais e os pares lhes ensinaram. Nunca ousaram ser diferentes, ou se o fizeram, foi uma vez e há muito tempo, esmifraram o que podiam e rapidamente se apressaram para a caverna dos sonsos.

Têm medo de tudo, estão carregados de cautelas e desconfiança, o ar é bafiento em seu redor. Usam da malícia para ridicularizar ou rebaixar os outros. Primeiro fazem ninho nas costas do alvo, para depois já mais confiantes, iniciarem a campanha do gozo aberto e perante os demais.

Ainda não aprendi totalmente a lidar com esta casta apodrecida, e é realmente um mistério para mim como é possível que vão conseguindo ter sucesso relativo.
É verdade, tantas vezes os encontramos em posições que não são as que a sua personalidade merece, para os encontrarmos como chefes de secção, capatazes, sub-gerentes ou outro cargo ligeiramente superior (superiorzinho, vá).

Espero que os dias de vento limpem o ar apodrecido, as nuvens se dissipem e a luz ilumine certas mentalidades retrógradas.

Anseio pelo dia em que a sociedade faça a selecção natural, e me elimine a mim ou a eles.

25 de janeiro de 2018

Coimbrinha

O que importa o sítio?

Para onde vamos, connosco vai tudo que está dentro de nós. Os problemas, os receios e anseios, as inseguranças e os medos

O novo ano trouxe a mudança de cidade e de trabalho. Tudo o resto é velho, a vivência negativa, marcada pela solidão, as dúvidas existenciais e a procura pelas respostas antigas.

Este sítio onde me sento para escrever estas linhas, parece que já cá venho desde sempre. Um café, como tantos outros, que frequento há tão pouco tempo mas parece que já é o "meu" café há anos.

O início foi atribulado, com sensações de confusão, muita ansiedade e comportamento errante. Sim, a psicose falou mais alto e tomou conta de mim enquanto me distraí com tudo novo que me rodeava.
Primeiro os medos generalizados, depois a fobia social e o comportamento estranho.

Neste momento em que escrevo já acalmei, após decidir aumentar a dose de anti psicótico. Apesar de saber que não é o melhor caminho, a auto-medicação, tive de o fazer, antes de me perder .

Sigo deambulando por esta nova cidade, que parou no tempo, dita dos estudantes. Sim, eles andam por aí, mas já não têm a preponderância e significado social de outros tempos. Hoje estudar no ensino superior é uma continuação do secundário, chama-se setôr aos professores, e os próprios transformaram-se nisso mesmo.
A exigência social do estudante é diminuta é restrita; noutros tempos ser estudante universitário era uma lição de vida, hoje é só mais uma escolinha como foi a primária e depois o secundário.

Falta portanto a chama a esta cidade, não entusiasma, tudo é anos 80, o que há de moderno é um ponto aqui e ali. À parte das superfícies de comércio.

Cidade adormecida no regaço do Mondego.

21 de janeiro de 2018

Bloqueio

Por Ângelo de Lima (https://pt.m.wikipedia.org/wiki/%C3%82ngelo_de_Lima?wprov=sfla1)

"Pára-me de repente o pensamento 
Como que de repente refreado 
Na doida correria em que levado 
Ia em busca da paz, do esquecimento... 

Pára surpreso, escrutador, atento, 
Como pára um cavalo alucinado 
Ante um abismo súbito rasgado... 
Pára e fica e demora-se um momento. 

Pára e fica na doida correria... 
Pára à beira do abismo e se demora 
E mergulha na noite escura e fria 

Um olhar de aço que essa noite explora... 
Mas a espora da dor seu flanco estria 
E ele galga e prossegue sob a espora."

Mais do que um mote, mais do que toda a semelhança, este poema é inspiração.
Aquilo que sinto e com que me deparo, já foi sentido antes.

Não sou alheio ao facto de encontrar semelhanças nas palavras e pensamentos daquele que foi um louco (alienado assim era chamado à data); sempre achei que era um deles, sei que sou, penso que sim, é o que parece.
Ângelo de Lima confronta-me comigo mesmo.

Porquê?

Porque me para também o pensamento.
Vivo com o pensamento ora parado, ora "prossegue sob a espora", sob pressão algo acontece.
Se estou tranquilo e sem stress para o raciocínio, emburreço e emudeço.
Reactivo-me à custa de truques de mentalização positiva, e lá vou indo quando a espora me obriga.