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28 de janeiro de 2016

Anseios

Anseios são a génese da ansiedade. Óbvio

Menos óbvio, é que a ansiedade se torna patológica quando os anseios são mais do que aquilo que podemos aguentar. É uma linha muito ténue que separa uma vida agitada, de uma vida caótica.

O que fazemos para dissipar essa energia ansiosa, para controlar ou aprender a viver com o caos.

Por vezes observo gente que parece em perfeita sintonia e livre de ansiedade, outros que estão completamente desfeitos e ainda aqueles que viram costas a tudo para se verem livres do torpor.

A sociedade só aceita os indivíduos que aparentam a calma, tem pena e troça dos que viram costas, e, teme e afasta os que vivem em agitação constante.

Já virei costas a tudo quando não aguentei mais, passei pelo limbo, e voltei à luta.
A custo voltei a ser um peão no tabuleiro de xadrez da vida. Ambiciono chegar à outra extremidade do tabuleiro, sempre questionando-me porque raio comecei o jogo como peão e não como o possante cavalo, o astuto bispo ou a impenetrável torre. Rainha não poderia ser, e o papel de rei também não me seduz, não passa de um peão protegido e com mais regalias.

Luto comigo mesmo, com o tempo e contra o tempo, cada movimento tem de ser ponderado e antever mais de uma jogada contrária.

O impulso atira-me para processos perdedores, mas é no impulso que consigo sentir-me vivo. Trapalhão, inconsequente e por vezes eufórico. Quando tudo passa vem o vazio e uma estranha vergonha, produto da reflexão das jogadas executadas sob a energia impulsiva.

Assim, regresso a este espaço que um dia criei.
Criei num momento fraturante à procura de desabafar, mas acima de tudo encontrar quem se identifique e também queira partilhar, acrescentar.

Mantenho os traços individualistas, de não gostar de pessoas nem querer ninguém, com uma necessidade básica de querer contacto humano e precisar de outros para me sentir completo.
Penso que é o determinismo animal a falar mais alto, a continuar a dividir-me.

1 comentário:

  1. Olá, vi o seu comentário num site onde achei boas informações sobre algo que estava procurando muito. Achei muito bacana o seu comentário lá e o seus textos aqui no blog. Muito obrigada por compartilhar os seus pensamentos para que outros possam ter acesso e entender um pouco mais sobre a vida e a sua diversidade. Queria também compartilhar o meu pensamento sobre tudo isso, não sou especialista no caso mas sou casada com alguém parecido com vc. Somos músicos e isso nos permite viver melhor. Não tem nada de errado em ter deficit de atenção, surtos, delírios, nada disso é errado, ser ou sentir. Sou uma pessoa extremamente observadora e posso te afirmar que a grande maioria das pessoas tem tudo isso, em menor ou maior proporção, apenas não se sentem a vontade para tornar isso público. Bravo e corajoso é você, que escreveu o que sentia. Vivemos num mundo falso, que divulga ilusões e consumismo e, infelizmente, nem todos entendem isso e acham que são estranhos, errados, pouco sociais, gordos, feios....não são! Poderia escrever um texto enorme aqui porque existem muitos fatores a serem abordados, os causadores da infelicidade, como os filmes, as novelas, as propagandas, etc. São exemplos de imagens que não condizem com a realidade. Ditam como você deve se vestir, se comportar, o que comer e até como namorar, veja se isso é possível no mundo real. Claro que não. Eu gosto de um tipo de roupa, me alimento bem, tenho várias alergias e graças a elas, não como chocolate, não tomo leite, etc. A maioria do que consumimos é lixo, não serve como exemplo mas não conseguimos entender porque exige muita maturidade emocional, além de muito conhecimento sobre o real, leituras, professores e profissionais atentos ao nosso redor para nos auxiliar. Gostaria de te falar que não tem nada de errado com você, o mundo lá fora é que tá errado. Uma dica: Descontrua-se! Tente desfazer e questionar tudo aquilo que vc consumiu e construiu como verdade durante todos esses anos e, faça o exercício de desconstruir, veja o que sente. Não é fácil, pois são vários anos recebendo informações da televisão, da cultura de sua cidade, dos seus pais e por aí vai. Vou levantar uma questão, quem disse que você precisa ser a pessoa mais social do mundo? Talvez nos filmes e novelas é o que apresentam pra gente. Eu penso diferente e acho que estar quieto no seu canto fazendo coisas que o deixem feliz é fantástico! Eu toco violão, escrevo versos, pinto quadros, faço vídeos, filmo, faço colares, não vejo televisão tem 3 anos e tenho muita coisa pra fazer. Deixando claro pra vc que demorei pra entender isso, não foi do dia para a noite. No Brasil, as pessoas não sabem ficar quietas e apreciar o silêncio muito menos a tranquilidade de estar só e feliz. Todos dizem que para ser feliz é preciso estar acompanhado. Você é a sua melhor companhia e, claro, todo o resto que for de verdade, como a sua arte, seu hobby, sua religião, sua família (se ela for bacana, se não for, não é boa companhia) e amigos do peito, que são poucos. Outra dica, ache o seu amor, se já não tiver um. Explico melhor, o amor a que me refiro, não é uma pessoa e sim, o que vc mais gosta de fazer. Seja música, religião, esportes, etc. A partir daí, vc vai se sentir feliz e vai encontrar pessoas do meio que irão te entender. Por exemplo, se você descobrir que gosta de pintura, se especialize, faça um curso, ache um professor legal (se não gostar do professor, troque por outro, isso é importante), a partir daí vc vai frequentar lugares que tem a ver com o que vc gosta e pessoas também. Não imagine que essas pessoas estarão na boate dançando funk, lá já tem outras pessoas com outros interesses. É importante entender como as coisas funcionam. O texto acabou ficando grande mas espero ter podido contribuir um pouco. Te agradeço mais uma vez pelos seus textos, quem sabe não tá aí a sua aptidão, escrever! Te desejo um mundo de coisas boas. Construa o seu mundo! Grande abraço. Ana

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