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31 de janeiro de 2016

Pessoa desorganizada pode ter o distúrbio de atenção

Até há pouco tempo, acreditava-se que lentamente a criança melhorava dos sintomas conforme a idade

Veículo: Diario Web 
Seção: Comportamento
Data: 14/06/2007
Estado: SP 

Se você é daquelas pessoas que não sabem como priorizar o dia de forma eficiente, é desorganizada, impulsiva, distraída ou não consegue finalizar projetos, pode estar sofrendo de Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA), com ou sem hiperatividade, transtorno que ocorre tipicamente na infância, mas pode se estender para a vida adulta. Até há pouco tempo, acreditava-se que lentamente a criança melhorava dos sintomas conforme a idade, entretanto, pesquisas recentes provaram que o distúrbio persiste nos adultos em aproximadamente 50% dos casos. Como algumas características do transtorno existem nas pessoas normais e também podem ocorrer em outros distúrbios é necessário que os sinais de desatenção, hiperatividade e impulsividade sejam mais intensos que os apresentados por indivíduos da mesma idade e que sejam persistentes, de acordo com Abram Topczewski, doutor em neurologia e pesquisador do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.
Segundo o especialista, o paciente deve apresentar essas características constantemente, como um padrão de comportamento. “Quem convive com essas pessoas costuma dizer que elas sempre foram assim, por exemplo”. Além disso, os sintomas devem ter intensidade e constância tais que existe já um comprometimento do seu funcionamento em mais de uma área de atuação, como casa, escola, trabalho, vida social. É necessário ainda que os indícios tenham aparecido desde a infância. Isso quer dizer que, se alguém passou a apresentar essas características depois de adolescente ou adulto, não se trata desse transtorno, mas provavelmente de algum outro tipo de distúrbio.
Por último, para se fazer o diagnóstico exige-se que sejam excluídas outras causas capazes de ocasionar essas características. O fator hereditário é o mais importante. “Múltiplos genes estariam envolvidos, o que justificaria a heterogeneidade do quadro clínico”, diz. No entanto, o médico alerta que não são todos os desorganizados que sofrem de déficit de atenção. “Se sua falta de organização, concentração e memória não atrapalha nas tarefas do dia-a-dia, se você se acha no meio da sua bagunça, não há motivos para se preocupar”, afirma.

Concentração
O Distúrbio de Déficit de Atenção ocorre como resultado de uma disfunção neurológica no córtex pré-frontal. Quando pessoas que têm o transtorno tentam se concentrar, a atividade do córtex pré-frontal diminui, ao invés de aumentar, conforme Daniel Amen, neurocientista clínico, psiquiatra, perito em déficit de atenção, escreve em seu livro “Transforme seu cérebro, transforme sua vida”, editora Mercuryo. Assim, pessoas que sofrem do transtorno mostram sintomas como fraca supervisão interna, pequeno âmbito de atenção, distração, desorganização, hiperatividade (apesar de que só metade das pessoas com o distúrbio sejam hiperativas), problemas de controle de impulso, dificuldade de aprender com erros passados, falta de previsão e adiamento. O córtex pré-frontal direito é ligeiramente menor nas pessoas afetadas. Do ponto de vista bioquímico, a hipótese predominante é de uma diminuição funcional da dopamina, e também da noradrenalina, nessas áreas. Caso o déficit de atenção seja diagnosticado, o tratamento é feito com medicamentos.

O que não fazer perto de alguém com DDA:
Não grite. Quanto mais a voz dela aumenta, mais a sua deve diminuir;
Se você sente a situação começar a sair do controle, dê um tempo. Dizer que você precisa ir ao banheiro pode ser uma boa receita;
Provavelmente, a pessoa não vai tentar impedi-lo. Pode ser uma boa idéia Ter um livro grosso em mãos, caso a pessoa esteja realmente transtornada e você precise se afastar por um longo período;
Use de humor (mas não humor sarcástico ou bravo) para apaziguar a situação;
Seja um bom ouvinte;
Diga que você quer entender e trabalhar a situação, mas só pode fazer isso quando as coisas estiverem tranqüilas;
Fonte - “Transforme seu cérebro, transforme sua vida” (editora Mercuryo), de Daniel Amen, neurocientista clínico e psiquiatra

Sintomas do DDA em adultos:
Sensação de baixo rendimento, de não atingir as próprias metas (independente do quanto a pessoa de fato realize);
Dificuldade em se organizar. As supostas “pequenas coisas” podem amontoar-se, criando enormes obstáculos. Por exemplo, um compromisso não cumprido, um cheque perdido, um prazo esquecido;
Adiamento crônico do início de tarefas. É associado à ansiedade, inclusive pelo receio de não as fazer direito;
Muitos projetos tocados simultaneamente. Conforme uma tarefa é deixada de lado, outra é assumida. Ao fim do dia, da semana ou do ano, incontáveis projetos são empreendidos, nem todos são concluídos;
Tendência a dizer o que vem à mente, sem considerar o momento e a conveniência do comentário;
Busca freqüente por forte estimulação. Está sempre à procura de algo novo, envolvente, algo do mundo externo que possa vibrar como o turbilhão em seu íntimo;
Intolerância ao tédio;
Facilidade para distrair-se, problema de concentração, tendência a se desligar ou ficar à deriva no meio de uma página ou diálogo, às vezes acompanhados de uma capacidade de hiperconcentração;
Freqüentemente criativos, intuitivos e muito inteligentes. Em meio à desorganização e devaneio demonstram lampejos de talento;
Dificuldade em seguir caminhos pré-estabelecidos, em proceder de forma “apropriada”. Trata-se de uma manifestação de tédio e frustração: tédio por estar fazendo algo seguindo uma rotina e excitação por novas abordagens, e frustração por não ser capaz de fazer as coisas da forma como “deveriam” ser feitas;
Impaciência. Baixa tolerância à frustração, porque remete a todos os fracassos do passado. A impaciência deriva da necessidade de estímulo constante, podendo fazer com que os outros o considerem imaturo ou insaciável;
Impulsivo, verbalmente ou nas ações - como gastar dinheiro impulsivamente, mudar de planos, fazer modificações em projetos profissionais. Este é um dos sintomas mais perigosos em adultos, ou, dependendo do impulso, um dos mais úteis;
Tendência a uma preocupação desnecessária e sem fim. Propensão a buscar algo com que se preocupar, ao mesmo tempo em que mostra desatenção ou descaso por perigos palpáveis;
Sensação de insegurança, não importando a estabilidade de sua vida;
Humor oscilante. Pode ficar de repente de mau humor, depois de bom humor, e novamente mal-humorado - tudo isso num espaço de poucas horas, e sem motivo aparente;
Inquietude. O que se observa é algo que parece “energia nervosa”, como andar de um lado para o outro, tamborilar com os dedos, mudar de posição quando está sentado, sair a toda hora de uma mesa ou quarto, sentir-se tenso quando em descanso;
Tendência a comportamento aditivo, viciado, compulsivo. Pode ser sexo, álcool, drogas, jogo, compras, comida ou trabalhar demais;
Problemas crônicos de auto-estima. Estes problemas são o resultado direto de anos de frustração, fracasso ou malogro das iniciativas;
Auto-observação imprecisa. Não fazem uma avaliação aguçada do impacto que exercem sobre os outros. Em geral, consideram-se menos eficientes ou poderosos do que as pessoas acham.

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