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29 de março de 2018

À tona

Voltou o vazio, velho companheiro da existência. Esse que me recorda que tudo é vão e mera construção mental.
Nada faz sentido, senão pelo sentido que lhe damos, tudo o que existe não existe, é apenas uma ideia.

Não fumo, apenas acendo cigarros e meto-os à boca.

Um escravo dos meus vícios, e das obrigações.

Tivesse eu o que não tenho, o que gostaria de ter, e lamentaria outras coisas que não teria.
É triste a condição humana ter chegado a isto.

Sem perigos à espreita, sem necessidade de ser mais do que mera peça da engrenagem, dessa máquina que foi a ideia de alguém, definamos interiormente o nosso intelecto.

Já nem me apetece cuidar a sintaxe do que escrevo, somente vomitar este sentimento.
Reles produto da falta de real utilidade, sou uma pequena roda dentada que ajuda algo a não parar.

Ai de mim que me recuse a ser a roda dentada. Outra para o meu lugar virá, e quem se fode sou eu que fico sem sustento, fico noutro patamar qualquer de necessidades.

Tudo está montado para que saibamos degraus de necessidade. Se não temos de comer, só pensamos na subsistência, se subsistimos queremos mais... O carro, a casa, o gadget, as férias, aquele mimo, aquela coisa que nos dá estatuto e nos faz inchar feitos pavões. Se materialmente nada nos falta, queremos coisas que não temos, apesar de tudo termos. Procuramos sensações de outros tempos, sensações novas, ou mesmo sentir necessidade como os que nada têm.

Será a natureza humana isto? Ou será a forma como alguns montaram a sociedade que nos leva a isto?

Vício, consumo, desejo, necessidade... Todas ideias construídas por alguém, e mantidas pelos filhos deles.

Mais um dia na luta, a tentar ficar à tona.

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