Money que é good, nóis não have (by Mamonas Assassinas)
Pois, é mesmo uma comédia existencial esta necessidade de o ter para conseguir viver.
Com pouco é o desespero, com algum sobrevive-se, mas só com bastante é que se pode viver.
Não é consensual concerteza, esta minha perspectiva, mas é o meu ponto de vista e de situação.
Tempos houve em que um ordenado me chegava para sobreviver e viver um pouco, mas longe vão esses tempos.
Debato-me essencialmente com dois factores, um que deveria controlar, mas não consigo, e outro que tento por tudo controlar.
Para ter mais dinheiro deveria poupar, mas é difícil querer viver e deixar de viver ao mesmo tempo. Se poupo não saio, não compro, não como, não bebo, não viajo, não fumo, e queria fazer tudo isso.
Por outro lado, deveria ser possível ganhar mais a troco do trabalho, mas parece missão impossível. Conseguir um ordenado razoável neste país é algo ao alcance de poucos.
Asfixia-me olhar para o extrato bancário, é só débito e valores com poucos dígitos ou perto do Nilo.
Trabalhei a vida toda e não consigo. Pergunto-me porquê, pergunto o que posso fazer melhor, onde falhei.
Às vezes apetece-me fazer algo ilegal para conseguir dinheiro fácil e sair deste buraco, mas nem para isso tenho arte.
A minha maior certeza vai sendo a de que o trabalho só serve para aguentar os mínimos, num sufoco eterno, uma obrigação para não afundar e viver o mínimo possível.
Mas é uma vida triste, em que é impossível aproveitar, porque tudo vai para pagar contas e vícios, a alimentação e despesas básicas.
Queria poder viajar, talvez seja por isso que viajei um dia em direção ao universo psicótico em que existo.
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